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Será que um gato que mora no Brasil mia diferente de um gato na Suécia? E será que um gato da região sul da Suécia mia diferente de um gato da parte norte daquele país, como se o miado pudesse ter uma espécie de “sotaque”?

O projeto “Meowsic” iniciado na Suécia em 2016 com término previsto para 2022 e realizado pela Dra Susanne Schotz, professora de fonética da Universidade de Lund, tem mostrado que a entonação dos miados pode sim ser diferente de acordo com a região onde os gatos vivem.

Trata-se de um estudo pioneiro dentro da comunicação homem-gato e essa diferença de miado teria relação com a linguagem da população humana com a qual os gatos convivem. Desde o seu início a pesquisa vem causando impacto na mídia e, é claro, entre os amantes de gatos que podem acompanhar os resultados do projeto AQUI

Segundo a professora Susanne, os gatos não podem miar em diferentes idiomas como os humanos, mas é bem provável que os miados tenham uma espécie de “sotaque” regional: “Os gatos podem adaptar seus sons aos humanos com quem convivem para serem mais bem entendidos e, talvez, até mesmo emprestarem alguns padrões melódicos da fala de seus tutores. Não é impossível que algumas das características de sotaque ou dialeto da fala humana estejam incluídas na vocalização do gato também. Então, alguns gatos podem miar um pouco diferente, dependendo da língua de seus tutores”.

O projeto estuda a prosódia, ou seja, como a melodia (entonação), ritmo e o estilo da comunicação sonora – tanto na vocalização humana quanto nas vocalizações dos gatos – influenciam a comunicação vocal que os pequenos felinos estabelecem com seus tutores.

Susanne explica que a maioria dos gatos compartilha o mesmo repertório vocal que, além de miar, inclui ronronar, rosnar e assobiar mas, no entanto, eles podem variar os sons que emitem de várias maneiras: “Podem diferenciar o tom e a melodia ou os sons de vogais e consoantes que eles usam em um miau, por exemplo, para melhor expressar suas necessidades, desejos e intenções”.

Os benefícios do estudo sobre os “sotaques” felinos

Os prováveis “sotaques” são apenas parte desse complexo projeto. Todos os gatos miam para se comunicar entre si ou com humanos e a curiosa descoberta do estudo leva a crer que muitos miados, embora queiram transmitir a mesma ideia em diversos pontos do planeta, podem ser emitidos de forma bem diferente.

Mas o grande objetivo do estudo é propiciar a veterinários e tutores um melhor entendimento da comunicação oral dos gatos e, com isso, ajudar os pequenos felinos em suas dores, doenças e necessidades.

“Entender as estratégias vocais usadas por humanos e gatos na comunicação homem-gato terá profundas implicações para nossa compreensão de como nos comunicamos com nossos animais e tem o potencial de melhorar a relação entre animais e humanos em vários campos, incluindo terapia animal, medicina veterinária e abrigo de animais. Se entendermos a variação nos sons de gatos, poderemos perceber se eles estão amigáveis, agressivos, assustados, estressados ou até mesmo se estão com dor”, diz Susanne.

Ela explica que gatos selvagens utilizam predominantemente sinais visuais e olfativos, limitando os sinais vocais em apenas três contextos básicos: mãe-prole, sexual e territorial. Mas os gatos domésticos formam laços sociais com outros gatos e continuam miando depois de crescidos para chamar a atenção dos humanos.

“Eles aprenderam que as pessoas são muito sensíveis e respondem rapidamente diante de um miado. Aprendi muito sobre as personalidades e estados mentais dos meus gatos observando seus padrões de comunicação. A diferença está principalmente na entonação, qualidade da voz e intensidade. Isso ajudou a entender quando meus gatos estão contentes, estressados ou ansiosos”, explica.

Susanne mora em Landskrona (Suécia) junto com cinco gatos: Donna, Rocky, Turbo, Vimsan e Kompis, que ela mesma denomina como “cinco personalidades felinas com diferentes vozes” e que integram os estudos do “Meowsic”. Na foto está o gato Turbo com o aparelho que grava seus miados para o estudo.

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Mostrando 4 comentários
  • Rosemary polycarpo
    Responder

    Muito curiosa é interessante….., amei!❤️❤️

  • Vera lucia
    Responder

    Que interessante esse estudo, e como pode ajudar a entender melhor os diversos miados, mais uma opção para ajudar até na cura dos gatinhos.

    • Karina
      Responder

      Hahahha que engraçado gente!!! Eu também peguei sotaque de Sorocaba depois de estudar com uma meninas de lá! Humanos e gatos tem mais em comum do que se pensa!

  • Lívia de Freitas
    Responder

    Muito importante esse conhecimento. Queremos tanto entender melhor os sinais que esses “bichinhos” tentam nos passar. Chegaremos lá.
    Obrigada

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